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terça-feira, 8 de novembro de 2011

Altamira: A grande arrancada rumo ao progresso.

Ao completar 100 anos de fundação neste domingo, dia 6 de novembro, o município de Altamira, no Sudoeste do Pará, tem um passado e uma história que orgulham a sua população. Mas é no futuro que todos mantêm o olhar. Os moradores do maior município do Brasil, no coração da Amazônia, comemoram muito mais do que um simples aniversário. É justamente no ano do seu centenário que Altamira começa a viver um novo tempo, esperado há décadas por uma centena de milhares de pessoas de todas as partes do Brasil que formam uma população miscigenada, extremamente receptiva e empreendedora.

Surgido de um povoado fundado por padres jesuítas na margem esquerda do Rio Xingu, Altamira foi elevada à categoria de município em 1911. Nestes 100 anos foram muitos ciclos de crescimento, interrompidos por longas fases de estagnação. Na década de 70, o progresso definitivo parecia finalmente ter chegado com a abertura da rodovia Transamazônica, que desencadeou um processo de ocupação rápido e expressivo, mas a estrada ficou incompleta, interrompendo o sonho de desenvolvimento. Mais de 30 anos depois, Altamira vive um cenário totalmente novo e parece ganhar mais uma chance de sair da fase dos ciclos econômicos que marcam a Amazônia. O bonde da história está passando de novo.

O movimento frenético de carros e máquinas pela cidade, as longas filas de trabalhadores nos bancos para receberem o salário, prédios em construção para todos os lados e lojas cheias anunciam: Altamira vive um momento de grande vigor econômico, gerado pelas obras de construção da maior usina hidrelétrica do Brasil e terceira maior do planeta. Belo Monte, a maior obra no país dos últimos 15 anos, traz números superlativos e mudanças rápidas e avassaladoras. Em seis meses, a cidade não é mais a mesma e se prepara para tentar transformar este momento em uma oportunidade para gerar desenvolvimento duradouro, tornando-se um modelo de economia sustentável.

O que gera este clima positivo e de entusiasmo são as garantias que giram entorno do projeto de construção e operação de Belo Monte. Entre obras de ações condicionantes, programas compensatórios e projetos estruturantes, Belo Monte deve gerar cerca de R$ 600 milhões de investimentos em Altamira nos próximos 20 anos. Isso sem contar os royalties pagos pela usina no período de operação, que devem ultrapassar os R$ 65 milhões por ano, durante um período de 30 anos. Não será por falta de recursos que o município de Altamira deixará de se desenvolver. A aplicação desta montanha de dinheiro, tudo indica, foi formatada para garantir que o progresso vivido hoje não seja mais um curto ciclo.

Nos próximos seis anos Altamira passará por transformações mais profundas do que as vividas nos últimos 100 anos. A cidade, principal pólo urbano da região, terá 100% de saneamento básico. O maior problema urbano de Altamira, que é a ocupação irregular de áreas próximas aos igarapés que cortam a cidade, será definitivamente resolvido, com a transferência das famílias para moradias de qualidade, em áreas urbanizadas. Os cerca de 100 mil habitantes devem saltar para, pelo menos, 150 mil.

Pavimentação de ruas, abertura de novas avenidas, construção de praças, espaços de lazer, ciclovias, construção de escolas, hospitais, postos de saúde e outros equipamentos públicos. Tudo isso já começou a acontecer e deve se intensificar a partir de agora. A cidade é um canteiro de obras e assim deve permanecer nos próximos 10 anos. Para quem acreditava que o futuro de Altamira estava umbilicalmente ligado à construção da usina de Belo Monte, o futuro já chegou. E não poderia chegar em melhor momento: em meio às comemorações do centenário do município.

Na economia, clima de euforia e ações duradouras

Quem pensa que os moradores de Altamira estão preocupados apenas em aproveitar financeiramente o bom momento econômico proporcionado pela construção de Belo Monte está enganado. É claro que existe um clima de euforia, mas existem lideranças de diversos segmentos comprometidas em criar condições para que este clima não acabe com o final da construção, trabalhando em projetos e ações e garantindo investimentos nos mais variados setores da economia.

A maior parte destas lideranças está abrigada no Fórum Regional de Desenvolvimento Econômico e Socioambiental da Transamazônica e Xingu (FORT Xingu), que congrega mais de 172 entidades e reúne desde líderes religiosos, passando por empresários e trabalhadores até integrantes de organizações não governamentais ambientalistas. O fórum projeta uma realidade de desenvolvimento sólido, duradoura e sustentável para os próximos 100 anos de Altamira.

"Vamos chegar a 200 anos como um grande núcleo urbano na Amazônia, com a imensa maioria do nosso território com o bioma preservado, provando que é possível desenvolver a Amazônia sem destruí-la", projeta Vilmar Soares, coordenador geral do FORT Xingu. Para ele, não é exagero pensar Altamira para os próximos 100 anos. "Estamos vivendo um momento especial e as nossas ações de agora vão ter influência por muitas décadas, por isso temos a preocupação de fazer a coisa certa, para garantir um futuro de progresso, desenvolvimento e sustentabilidade para as gerações futuras", diz Vilmar.

Para garantir a continuidade do crescimento, estão previstos investimentos em atividades econômicas sustentáveis, como a agropecuária verde e o aproveitamento da energia firme de Belo Monte. Uma das grandes apostas é a cultura do cacau, que se destaca na região e sempre ajudou a impulsionar e economia altamirense. Com investimentos do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável (PDRS) do Xingu, a lavoura local deve duplicar nos próximos anos, contribuindo para alavancar a produção regional para mais de 100 mil toneladas de cacau por ano e viabilizar a implantação de uma grande indústria.

O PDRS do Xingu é um plano geral de ação que possui um Comitê Gestor local e terá R$ 500 milhões para investimentos nos próximos 20 anos. O dinheiro vem da Norte Energia, empresa privada que venceu a licitação para construir e operar a usina de Belo Monte. Estes recursos devem ser destinados para projetos e ações que permitam a continuidade do desenvolvimento da região mesmo após a desmobilização nos canteiros de obras da usina. É um fato inédito na construção de grandes usinas no Brasil e no mundo.

Os recursos também vão permitir a modernização da outro importante setor para a economia local: a pecuária. Modelos de atividade sustentável para Amazônia já estão sendo testados em outras regiões e o objetivo é atrair esta tecnologia para Altamira, que possui um rebanho de mais de 200 mil cabeças. Um trabalho efetivo de licenciamento ambiental deve ser feito, permitindo que a produção dê um grande salto usando apenas as áreas de pastagens já existentes hoje. "Não será preciso derrubar nem mais uma árvore para transformarmos nossa pecuária em um caso de sucesso econômico e ambiental", assegura Vilmar Soares.

Outra estratégia é a criação de valor ambiental no município. Altamira, que possui mais de 150 mil quilômetros quadrados, mantém mais de 95% da sua cobertura florestal nativa intacta. É um dos maiores percentuais de preservação do mundo. Com imensos parques indígenas e Unidades de Conservação, a idéia é gerar valor principalmente através do aproveitamento dos recursos florestais não madeireiros, com o incentivo a comunidades tradicionais, investimentos em tecnologia e geração de conhecimento. O investimento em pesquisa para a descoberta de novos medicamentos e produtos estéticos, por exemplo, deve ser priorizado para atrair investimentos neste setor.

Educação e tecnologia de ponta para manter desenvolvimento

O investimento em educação e tecnologia também será uma prioridade tanto nas ações governamentais como nos projetos do PDRS do Xingu. Exemplo disso é a destinação feita pelo PDRS de dois milhões de reais para a abertura do Curso de Medicina pela Universidade Federal do Pará (UFPA), que também está investindo pesado para criar um campus moderno e com condições de oferecer ensino de excelência.

Para Rainério Meireles, coordenador do Campus da UFPA em Altamira, os grandes empreendimentos que estão se instalando propiciam investimentos no setor educacional que poderão mudar radicalmente a história do município de Altamira. "Podemos substituir um processo de desenvolvimento baseado na exploração desordenada dos recursos naturais por uma economia verdadeiramente sustentável, que gere crescimento econômico, igualdade social e mantenha o meio ambiente preservado", diz o coordenador.

Nos planos do FORT Xingu, a educação deve ser um setor que vai receber investimentos significativos. Cursos superiores na área de engenharia já estão sendo planejados, com o objetivo de formar profissionais da região altamente capacitados e preparados para este novo momento. "Podemos nos transformar em um centro de excelência, criando tecnologia para aproveitar melhor nossos recursos naturais e continuar gerando emprego e renda num período muito longo de tempo", diz o coordenador do fórum, Vilmar Soares.

Futuro promissor

O futuro de Altamira vai depender muito do cumprimento dos acordos feitos para tirar Belo Monte do papel. Apesar de muitos entenderem que não há nada de novo acontecendo e que se trata apenas de uma repetição da implantação de outros grandes projetos na Amazônia, Vilmar Soares acredita que existe uma grande diferença. "Não se pode comparar projetos do governo militar com este. A grande diferença é que existe uma participação efetiva da sociedade, propondo, cobrando e apontando caminhos. Temos um diálogo franco, aberto e que vem se demonstrando como produtor de excelentes resultados", diz.

No fim, é a própria sociedade altamirense que vai apontando qual caminho seguir, assumindo a condução do seu futuro e participando ativamente deste momento especial que vai mudar definitivamente a história deste município de 100 anos. Se Belo Monte é a locomotiva do desenvolvimento, desta vez Altamira decidiu que não vai perder o bonde da história.




Fonte: Redacão Ecoamazônia

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